
Manifestantes pró e contra o impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff se estranharam em frente à sede da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) no início da noite de domingo (15). Embora ambos defendam a saída do presidente interino Michel Temer, houve empurra-empurra, gritos, provocação e tensão entre os dois lados. Neste momento, o clima continua tenso, mas sem agressão, ainda que os dois lados continuem se provocando.
A Polícia Militar não interveio no empurra-empurra, mas criou uma linha de policiais em frente às barracas para defender os manifestantes acampados em frente ao prédio da Fiesp desde meados de março e que estão em menor número hoje.
Provocações
A estudante de Direito Bibiana Oliveira, 21 anos, favorável ao impeachment de Dilma, provocou e foi provocada na confusão. Ela está acampada em frente ao prédio da Fiesp desde março e disse que pretende ficar ali até que Temer saia da Presidência.
“Eles [manifestantes contrários a ela] ficam gritando 'sem violência', mas vieram aqui pichar e quebrar nossas placas. O caso mais grave foi um menino que veio chutar nossas barracas e que tentou me bater”, informou Bibiana. A reportagem flagrou a estudante também provocando os manifestantes, colocando as mãos nos olhos e fingindo chorar, o que gerou bastante revolta no lado oposto.
“Isso foi depois que eles quebraram o acampamento. Antes deles atacarem, não saiu nenhuma provocação nossa”, disse Bibiana. “Nós também gritamos Fora Temer. Também queremos o fim da corrupção, mas não somos indignados seletivos”, acrescentou.
Do outro lado, o militante petista Rafael Monico, 30 anos, afirmou que um rapaz acampado em frente à sede da Fiesp iniciou as provocações. “O que acontece é que, na hora em que o ato foi chegando, um rapaz saiu dali [das barracas] com um pedaço de pau e quis agredir duas ou três pessoas. E aí começou a confusão”. Monico negou que o grupo tenha provocado os que estão acampados ali desde março.
“A decisão era passar pela Paulista inteira. A Paulista é do povo. A Paulista é hoje aberta para o povo de forma democrática para que todos possam se manifestar politicamente e culturalmente. Foi isso que fizemos hoje. Sabíamos que, ao passarmos por aqui, teríamos isso, mas não podemos deixar de passar porque tem um pessoal aqui que é contra”, acrescentou.
“Eles [também] defendem o Fora Temer, mas nós achamos que isso [o impeachment] é um golpe e eles não. Temos uma questão que é muito clara: o Temer está aí há 72 horas e já mudou muito o governo, tirando mulheres e negros. E nós defendemos a democracia”.
Caminhada
Os manifestantes contrários ao impeachment fizeram hoje uma grande caminhada por São Paulo. O protesto foi iniciado por volta das 15h20, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, passou pela Rua da Consolação e foi até a Praça Roosevelt, onde os milhares de manifestantes presentes ao ato fizeram uma rápida assembleia e decidiram voltar para a Avenida Paulista, subindo pela Rua Augusta.
O ato seria encerrado na frente da Fiesp, onde eles chegaram por volta das 18h. Na Fiesp, os manifestantes sentaram no chão e gritaram palavras de protesto contra a entidade, dizendo que ela apoiou a ditadura e o impeachment de Dilma. Parte dos manifestantes decidiu continuar em caminhada pela Paulista, sentido Paraíso, quando se encontraram com o grupo acampado ao lado da Fiesp desde março e que apoiou o impeachment de Dilma. Os grupos se provocaram e se empurraram até que outros manifestantes tentassem separá-los.
Domingo de protestos contra Temer em São Paulo e Brasília
Cerca de 200 manifestantes contrários ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff fizeram na manhã deste domingo (15) um protesto contra o presidente interino Michel Temer em frente ao Palácio do Planalto. Temer está na capital paulista neste domingo, onde também foi realizado um protesto nesta tarde, reunindo cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores. Também houve atos em Belo Horizonte e Curitiba.
No protesto em Brasília, que teve seu auge por volta das 11h da manhã. manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), à União Nacional dos Estudantes (UNE) e artistas gritaram palavras de ordem, como “Fora Temer” e músicas como “Ai, ai , ai , ai , empurra o Temer que ele cai”. Eles também protestaram contra o fim do Ministério da Cultura e interditaram por cerca de 20 minutos uma via em frente à Praça dos Três Poderes. A via foi desobstruída pela Polícia Militar que não registrou nenhum incidente durante o ato.
Redes sociais
Na convocação feita nos últimos dias pelas redes sociais, mais de 17 mil pessoas chegaram a confirmar presença no evento. A Polícia Militar chegou a fechar todo o Eixo Monumental, via de acesso ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional, já nas primeiras horas da manhã, mas a via foi logo liberada.
São Paulo
Milhares de manifestantes fizeram na tarde de domingo (15) uma caminhada pela Rua da Consolação, em São Paulo, contra o presidente interino de Michel Temer. Eles se reuniram na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, por volta das 14h e, as 15h20, saíram em caminhada até a Praça Roosevelt, no centro da capital paulista, onde chegaram por volta das 17h. A Polícia Militar não informou o número de manifestantes. Os organizadores, no entanto, estimaram a presença de 10 mil pessoas.
“O ato hoje é em repúdio à entrada de Michel Temer porque achamos que o governo de Dilma Rousseff era um governo legítimo, que entrou pelo voto direto. Achamos que o processo de impeachment tem inúmeras ilegalidades. O Michel Temer deveria estar inelegível por oito anos. Ele é um político ficha-suja”, disse Luiz Dantas, organizador do ato e membro do Coletivo Frente pela Democracia.
O protesto também teve apoio dos movimentos União Brasileira das Mulheres e da Marcha Mundial das Mulheres, que lideraram a caminhada. Durante o trajeto, os manifestantes gritaram “Fora Temer”, e “Não tem arrego” e palavras de apoio a Dilma. Muitos deles seguravam faixas de Fora Temer. Alguns políticos participaram da marcha, como o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).
Equipe ministerial
Além de protestar contra o processo de impeachment, que afastou a presidenta Dilma Rousseff por até 180 dias, Dantas disse que o ato também protesta contra a falta de mulheres e de negros no atual ministério – anunciado por Temer na semana passada. “Não vemos negros, não vemos mulheres e isso é um retrocesso”, falou ele à reportagem da Agência Brasil.
Eles também protestam contra a extinção de alguns ministérios por Temer. “Michel Temer não foi eleito. Então, se a Dilma não volta por conta desse processo de impeachment, então que se tenha novas eleições e que o povo decida quem ele quer”, acrescentou Dantas.
Em um jogral, repetido por todos os manifestantes antes do início da caminhada, os manifestantes gritaram “Fora Temer” e disseram que não vão aceitar o que chamaram de eleições indiretas. “Não aceitaremos eleições indiretas feita pelos deputados e apoiada pelos senadores”, cantaram os manifestantes. “Eleições diretas. Poder ao povo. Fora Temer”, gritaram.
Com Agência Brasil
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