Nas eleições deste ano, das 32 prefeitas paraibanas que podem
concorrer à reeleição, quatro já abriram mão da disputa (12,50%), para
colocar no páreo um parente ou o próprio antecessor. Por enquanto, 28
gestoras (87,5%), seguem firme com o projeto de reeleição.
Na
lista das desistentes estão as seguintes: Francisca Motta (PMDB), de
Patos, que apresentou como substituo o ex-genro, deputado estadual Nabor
Wanderley (PMDB); Severina Pereira, a Dudu de Brizola (PTB), de Rio
Tinto, que vai apoiar a ex-prefeita Magna Gerbasi (PTB); Ana Maria Dutra
(PP), de Brejo Cruz, que vai apoiar o ex-prefeito Francisco Dutra
Sobrinho, o Barão (PP); e Maria do Socorro (PMDB), de São Sebastião de
Lagoa de Roça, que deve apoiar o genro e ex-secretário de administração
do município, Marconi Cardoso Farias (PMDB).
As questões pessoais
são alegações mais comuns para desistência. No entanto, tudo isso é
somada à crise financeira que se alastra pelas prefeituras, com quedas
constantes no repasse de recursos, que além atrapalhar no cumprimento de
obrigações básicas e, principalmente, nas principais promessas de
campanha, acabaram desiludindo as gestoras, que já estão de “aviso
prévio”, e até mesmo levando-as a uma baixa cotação nas pesquisas
internas de intenção de votos e elevados índices de rejeição.
A
prefeita de Patos, Francisca Motta, alegou motivos pessoais para
desistir da reeleição. No entanto, fez questão de apresentar como seu
sucessor na disputa, o ex-genro Nabor, que já iniciou sua pré-campanha à
sucessão municipal da ex-sogra.
Sucessora em Rio Tinto
A
prefeita de Rio Tinto, Dudu, que também é empresária, desistiu da
disputa por conta da crise e resolveu passar o bastão para sua
antecessora, a ex-prefeita Magna Gerbasi, que já comandou o município
por dois mandatos consecutivos.
Outro fator preponderante para
que elas abdiquem de disputar à reeleição é possibilidade de derrota nas
urnas. Desta forma, preferem colocar na disputa o nome de um integrante
do grupo político ou parente com chances reais de vitória, como está
para ocorrer em Brejo do Cruz e São Sebastião de Lagoa de Roça.
O
prefeito de Sobrado, George Coelho (PSDB), atribui a desistência das
prefeitas em disputar à reeleição à crise financeira nos municípios.
Segundo ele, o corte dos repasses no Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) já levou mais de 70% dos gestores paraibanos, que tinha
direito de concorrer a mais um mandato a não serem mais candidatos.
“A
crise é generalizada nas prefeituras. A mulher que entra na política,
com muita dificuldade, muitas vezes não tem estrutura, muito menos
paciência de enfrentar esta crise, apesar da redução dos recursos, os
custos estão aumentando cada vez mais e tudo tem que ser cumprindo”,
comentou o prefeito, que apesar da crise é candidato à reeleição.
Desistência é reflexo da política
A
presidente do PT na Paraíba, Giucélia Figueiredo, avaliou a situação,
de desistência das prefeitas em disputar à reeleição, como reflexo do
próprio quadro político do País. Segundo ele, para que este cenário seja
modificado, com o objetivo uma participação mais efetiva e ativa das
mulheres, seria necessária uma reforma política, que garantisse a
possibilidade das mulheres disputarem em pé de igualdade com os homens,
tanto de em recursos financeiros, quanto nas disputas internas
partidárias.
De acordo com Giucélia essa desistência de algumas
mulheres da disputa é porque elas não são oriundas de movimentos sociais
e populares, apenas ingressaram na vida política por um impulso
familiar ou de grupo político. “A atuação delas não estão relacionadas
aos interesses da coletividade. Se tivesse, estariam mais fortalecidas e
teriam disposição para continuar na disputa, sem abrir mão para
parentes e lideres de seus grupos políticos”, comentou.
Projeto familiar fica ameaçado
A
professora e pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
Glória Rabay, disse que apesar das últimas conquistas da mulher na
política e da ampliação da ocupação de espaços de poder, muitas delas só
se credenciam para disputa eleitoral pela falta de um homem da família
para concorrer aquele cargo e levar adiante aquele projeto político
familiar.
Glória Rabay explicou que na maioria das vezes, o
ingresso da mulher na política tem este propósito especifico, é tanto,
que no caso dela abrir mão de disputar uma reeleição, como vem
ocorrendo, é para favorecer alguém da família ou integrante do grupo
político que ela pertence, o que acaba sendo uma questão cultural.
Outra
questão destaca pela professora, é o fato de algumas mulheres ter o
perfil mais voltado para atuação legislativa, como é o caso da prefeita
de Patos Chica Motta, que atuou como deputada estadual por várias
legislaturas consecutivas. “Assim, quando chega no Executivo, não tem a
mesma perspectiva de poder que tinha no Legislativo”, comentou.
Rabay
ressalta que o fator mais significativo, que pode ser a causa do
aumento da participação da mulher em disputas eleitorais e, até mesmo de
sua desistência automática, é perpetuação do projeto familiar. “É uma
tendência cultural, que tem marcado muito a política paraibana e passado
de geração para geração. As mudanças de planos acabam sendo para
defender os interesses familiares”, declarou.
De acordo com
Glória Rabay conforme pesquisa referente ao resultado das eleições 2012,
a Paraíba foi o terceiro Estado brasileiro que mais elegeu mulheres
prefeitas, perdeu apenas para São Paulo e Bahia, que são estados com
mais de 300 municípios cada, enquanto que na Paraíba há 223 e em 49
houve a eleições de mulheres para comandar as prefeituras.
Fonte Correio
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