Com tempo de TV e rádio reduzido, com um Fundo Partidário
insuficiente para bancar campanhas eleitorais e principalmente com a
proibição de financiamento de campanhas por pessoa física, o uso de
redes sociais e da plataforma digital por candidatos vai predominar nas
eleições. Serão os instrumentos para atacar os adversários, transmitir
propostas e apresentar a biografia de cada candidato ao conjunto dos
eleitores na busca pelo voto.
Nesse
contexto, a tradicional figura do cabo eleitoral está sendo substituída
pelo ativismo digital. Especialistas garantem que até mesmo a forma de
fazer a tão conhecida, e proibida, boca de urna sofrerá interferência
digital. O pedido de voto no dia da eleição deverá ser feito por
aparelhos móveis que poderão ser acessados na fila em direção à urna de
votação. Um dos objetivos ou funções das redes sociais é o de cadastrar
visitantes ocasionais em sites de candidatos e torná-los um eleitor
militante.
O professor e social media, Lincoln Ferdinand, afirmou
que agora, mais do que nunca, as redes sociais serão usadas por
candidatos à cargos políticos, mas alertou que, muitos deles não saberão
fazer o melhor uso delas por enxergam apenas o espaço como uma forma
barata de fazer o velho marketing político.
“Estamos falando de
novos meios, novas práticas, novos hábitos e novas formas de interação.
Vivemos em uma cultura na qual as pessoas estão cada vez com mais voz
para opinar, comentar, produzir conteúdo e emitir informação livremente.
Conhecer que existe uma massa de pessoas usuárias de redes sociais, e
que isso é uma oportunidade para manter um relacionamento com o povo e
possíveis eleitores, é um grande trunfo do bom uso das mídias sociais em
épocas de eleições.
Diante dessa nova realidade, especialistas
acreditam que nunca mais as campanhas serão as mesmas. A do impeachment é
um exemplo que merece destaque. A última feita no modelo antigo, em que
a TV foi a central de vendas de propostas e candidatos, a um altíssimo
custo, foi a de 2014. A partir deste ano, segundo o social media
Kayffson Will, as redes sociais vão passar, cada vez mais, a ser um
instrumento de militância e da militância.
Na avaliação do
cientista político e especialista em marketing, Sérgio Kobayashi, “O
sapato, a saliva e o santinho continuam tendo sua importância. Mas para
chegar à vitória é preciso o ativismo digital”.
De acordo com
Kayffson Will, nos pleitos passados o marketing político ficou restrito a
poucas candidaturas mais estruturadas em termos de mídias sociais. Já
nas eleições desse ano, isso deve mudar em função do crescimento
vertiginoso do impacto dessas ferramentas no Brasil.
“Essa
ascendência fará com que políticos e seus coordenadores de campanha
passem a pensar com mais carinho na incorporação do Facebook, Instagram e
outras ferramentas de interação na construção de suas campanhas nestas
eleições”, afirmou Will.
Presença permanente é essencial
O
professor Lincoln Ferdinand observou que como quase todas as pessoas
estão consumindo as informações veiculadas nas redes, os candidatos
devem manter uma presença online forte e consistente nas mais variadas
plataformas, mostrando suas ideias, posicionamentos e discursos. Ele
destacou que o mais importante é manter um relacionamento com as
pessoas, colhendo feedbacks e dando respostas.
“Nesse contexto,
omitir-se diante de questionamentos do povo seria prejudicial ao
candidato, visto que as pessoas também têm voz nas redes sociais e essa
voz pode ser espalhada facilmente se houver identificação dos seus
pares. As redes sociais tanto podem ser um grande aliado como podem se
revelar inimigo do candidato. Isso tudo vai depender do seu uso”,
afirmou o professor.
Lincoln Ferdinand disse ainda que uma forma
de evitar problemas é monitorar bem a base de seguidores para conhecer o
perfil e as demandas de cada segmento da sociedade. “Saber falar com
cada tipo de pessoa e conhecer bem seus problemas está mais fácil com as
mídias sociais do que era antigamente. Um bom planejamento com
estratégias bem pensadas previamente evitará problemas e preverá
obstáculos para que possam ser solucionados antes de acontecerem”,
avaliou.
De acordo com o professor, o Facebook ainda é a rede
social mais indicada para a maior parte de ações de candidatos, pois,
segundo ele, a maioria das pessoas estão lá. Lincoln garante que
produzir bem as informações e emitir ideias e posicionamentos, sempre se
mantendo próximo ao público eleitor, é a forma mais eficaz de
conquistar o eleitorado.
“Se mostrar mais presente e mais humano
também é algo mais fácil de se conseguir diante desse cenário. Usar
redes como Facebook e Instagram para aproximar-se do povo através de
fotos e textos é o mínimo que pode ser feito. Redes sociais para
publicação e transmissão de vídeos como snapchat e periscope também
podem ser utilizadas para a disseminação de ideias e para se mostrar
mais próximo ao público”, destacou o professor.
Pré-candidatos conectados
O
vereador e pré-candidato a reeleição, Bira Pereira (PSD), disse que
utiliza as redes sociais de forma constante e sistemática desde o início
do mandato. Com o aprimoramento e surgimento de novos canais passou a
ocupa-los também, com o objetivo de divulgar as ações do mandato. “Essa
tem sido uma característica nossa”, garantiu.
De acordo com o
pré-candidato, o perfil da movimentação nas redes sociais muda em ano
eleitoral. Para ele, é essencial intensificar as informações no que diz
respeito a prestação de contas do mandato.
“O que muda nesse
momento é que fazemos uma prestação de contas da ações desenvolvidas no
nosso mandato para que a população conheça mais um pouco da nossa
trajetória. Utilizamos as redes para apresentar propostas caso sejamos
reeleitos e também como um chamamento para as pessoas que quiserem
participar dando sugestões para nossa carta programa”, disse o
pré-candidato.
Para Bira, a falta de espaço na TV e Rádio faz com
que as redes sociais ganhem uma abrangência bem maior em relação a
divulgação das ideias e propostas dos pré-candidatos. “Eu movimento
minhas redes sociais, mas conto com a ajuda de uma equipe para me
auxiliar, mas sempre sobre minha coordenação porque tem que ter cara do
pré-candidato”, revelou.
A vereadora e pré-candidata Raíssa
Lacerda (PSD) revelou que usa as redes sociais para divulgar o mandato e
interagir com a população há muito tempo. Para ela, é essencial a
utilização das ferramentas online na propagação dos atos realizados.
“Nossa presença nas redes sociais nos aproxima mais das pessoas porque
sempre estamos informando e respondendo a todos os questionamentos que
nos são feitos”, disse.
Ela acredita que uma interação contínua
nas redes, em suas mais variadas plataformas, possibilita a fidelização
do voto. “Se um pré-candidato já utiliza as redes constantemente e tem o
que mostrar, terá o reconhecimento da população. Agora, se for começar a
utilizar apenas nesse período da campanha eleitoral, aí já fica bem
mais difícil”, destacou.
O pré-candidato a vereador Marco Antônio
disse que utilizo com bastante freqüência as redes sociais, com
postagens diárias e sempre interagindo com os amigos. Ele revelou que
está mais focado nos últimos meses, não só devido ao ano eleitoral, mas
por sentir uma maior necessidade de interagir com a população.
“Acredito
que a sinceridade e transparência de quem está publicando aproximam
ainda mais o eleitor do candidato. Com a falta de espaços nos guias
eleitorais as redes sociais será a saída para uma comunicação mais
direta com o público, mas não apenas elas. O corpo a corpo também pode e
deve ser virtual quando for conveniente”, afirmou.
O pré
candidato revelou que movimenta as contas nas mais diversas plataformas
em conjunto com a assessoria e também com as pessoas que estão entre os
seguidores e amigos.
Na busca de novos ‘amigos’
A
pré-candidata a vereadora, Luana Flávia (PR), tem uma realidade um
pouco diferente de uma boa parcela que possui assessores para cuidar das
redes sociais. É ela quem atualiza e movimenta os conteúdos nas mais
diversas plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp e Twitter na
busca de novas amizades.
Luana disse que costuma usar as redes
sociais no dia a dia pra quase tudo. “Adoro a idéia de poder
compartilhar minhas fotos e vídeos e principalmente para ampliar casa
vez mais a comunicação com meus amigos e seguidores opinando sobre
diversos temas na minha Timeline”, revelou.
Ela disse que sempre
gostou das redes sociais, mas que este ano vem intensificando sua
presença e participação por ser um ano eleitoral. “Acredito que essa
eleição será atípica e diferenciada de todas as outras. Ela será de
grande valia para todos os pré-candidatos e, portanto, a boa utilização
da mesma será fundamental”, garantiu.
O pré-candidato a vereador
Adalto Fernandes também movimenta as próprias redes sociais. Ele disse
que utiliza na maioria das vezes, principalmente as plataformas
Instagram e Facebook, para divulgar ações do seu dia-a-dia, além de
buscar interatividade com seguidores e novos amigos.
Veterano na
utilização das redes sociais, Adalto disse que conteúdo é essencial. “As
pessoas precisam se identificar com suas ideias, e para isso, é preciso
que você divulgue, e nada melhor que as redes sociais para isso. Agora,
o voto se consegue na luta, na rua. A rede social é apenas uma
ferramenta para ser usada ao seu favor nas eleições”, destacou.
Fonte Correio
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