Que o Nordeste é a região líder no número de crimes de ódio e mortes de
pessoas LGBTs é um fato. Os índices indicam um total de 2,6 assassinatos
para cada 1 milhão de habitantes que vivem nesta região do país.
Especificamente na Paraíba, apenas nos últimos seis anos, houve registro
de 98 mortes por conta da LGBTfobia - aversão a pessoas que destoam da
sexualidade ou identidade de gênero tidas como padrão.
Em 2016 foram 14 mortes, um número inferior ao de 2015, que teve 19
mortes. Esta é, entretanto, a parte mais escancarada do preconceito.
Escondidas por trás das inúmeras notícias marcantes de assassinatos e
suicídios de pessoas LGBTs, estão diversos outros tipos de violências
mais sutis - como as agressões físicas leves, a moral e emocional; o
desrespeito; e as poucas oportunidades na sociedade. Não é à toa que, a
cada 26 horas, um brasileiro morre pela incapacidade de terceiros de
reconhecer, lidar e respeitar com outras sexualidades e identidades de
gênero. Arthur Honorato, designer e homossexual assumido, já sofreu com
algumas dessas agressões em duas situações. Enquanto caminhava para a
parada de ônibus voltando de um hospital, um homem passando de carro
jogou-lhe uma garrafa de água, chamando o rapaz de 'viado'.
"Ninguém me ajudou, ninguém fez nada... tinha gente por perto e ninguém
fez nada. Isso me marcou porque era luz do dia e isso nunca tinha
acontecido comigo", explica o rapaz. No segundo caso, Arthur e alguns
amigos, caracterizados como drag queens, ouviram diversas piadas e
ofensas vindas de um grupo de pessoas desconhecidas. Ele conta também
que, ainda que estivessem em maior número, ele e seus colegas ficaram
sem reação diante da sensação de impotência. "Eu fiquei com receio de me
montar novamente, de sair na noite até desmontado mesmo, com medo de
sair sozinho. Isso me impactou demais, eu já deixei de sair muitas vezes
por medo", afirmou.
Segundo Victor Pilato, gerente operacional de enfrentamento à homofobia,
até setembro do ano passado, o Espaço LGBT contava com 914 usuários e
já havia realizado 10.778 atendimentos. Pilato explica também que o
Centro Estadual de Referência dos Direitos de LGBT e Enfrentamento a
Homofobia disponibiliza serviços nos âmbitos psicossociais e jurídicos. O
Espaço LGBT também disponibiliza um acervo bibliográfico com mais de
100 livros para toda a população "Seu funcionamento é desde de 2011,
tendo sua inauguração pelo governador de Estado Ricardo Coutinho em 25
de maio de 2011, onde na ocasião assinou o Decreto Governamental 32.159 -
que dispõe sobre o uso do nome social para travestis e transexuais nos
serviços públicos do Estado da Paraíba", esclarece o gerente
operacional.
O Espaço LGBT, ou Centro de Referência de Enfrentamento à Homofobia da
Paraíba, está localizado na Rua Princesa Isabel, 164, Centro, em João
Pessoa, e tem como objetivo primordial qualificar o atendimento à
população LGBT, além de elaborar estratégias de ações intersetoriais
para enfrentamento a todas as formas de violência a pessoas deste grupo
social.
Redação com Espaço LGBT
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