segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Na PB, 98 pessoas foram assassinadas em seis anos vítimas da LGBTfobia

 Que o Nordeste é a região líder no número de crimes de ódio e mortes de pessoas LGBTs é um fato. Os índices indicam um total de 2,6 assassinatos para cada 1 milhão de habitantes que vivem nesta região do país. Especificamente na Paraíba, apenas nos últimos seis anos, houve registro de 98 mortes por conta da LGBTfobia - aversão a pessoas que destoam da sexualidade ou identidade de gênero tidas como padrão.

Em 2016 foram 14 mortes, um número inferior ao de 2015, que teve 19 mortes. Esta é, entretanto, a parte mais escancarada do preconceito. Escondidas por trás das inúmeras notícias marcantes de assassinatos e suicídios de pessoas LGBTs, estão diversos outros tipos de violências mais sutis - como as agressões físicas leves, a moral e emocional; o desrespeito; e as poucas oportunidades na sociedade. Não é à toa que, a cada 26 horas, um brasileiro morre pela incapacidade de terceiros de reconhecer, lidar e respeitar com outras sexualidades e identidades de gênero. Arthur Honorato, designer e homossexual assumido, já sofreu com algumas dessas agressões em duas situações. Enquanto caminhava para a parada de ônibus voltando de um hospital, um homem passando de carro jogou-lhe uma garrafa de água, chamando o rapaz de 'viado'.

"Ninguém me ajudou, ninguém fez nada... tinha gente por perto e ninguém fez nada. Isso me marcou porque era luz do dia e isso nunca tinha acontecido comigo", explica o rapaz. No segundo caso, Arthur e alguns amigos, caracterizados como drag queens, ouviram diversas piadas e ofensas vindas de um grupo de pessoas desconhecidas. Ele conta também que, ainda que estivessem em maior número, ele e seus colegas ficaram sem reação diante da sensação de impotência. "Eu fiquei com receio de me montar novamente, de sair na noite até desmontado mesmo, com medo de sair sozinho. Isso me impactou demais, eu já deixei de sair muitas vezes por medo", afirmou.

Segundo Victor Pilato, gerente operacional de enfrentamento à homofobia, até setembro do ano passado, o Espaço LGBT contava com 914 usuários e já havia realizado 10.778 atendimentos. Pilato explica também que o Centro Estadual de Referência dos Direitos de LGBT e Enfrentamento a Homofobia disponibiliza serviços nos âmbitos psicossociais e jurídicos. O Espaço LGBT também disponibiliza um acervo bibliográfico com mais de 100 livros para toda a população "Seu funcionamento é desde de 2011, tendo sua inauguração pelo governador de Estado Ricardo Coutinho em 25 de maio de 2011, onde na ocasião assinou o Decreto Governamental 32.159 - que dispõe sobre o uso do nome social para travestis e transexuais nos serviços públicos do Estado da Paraíba", esclarece o gerente operacional.

O Espaço LGBT, ou Centro de Referência de Enfrentamento à Homofobia da Paraíba, está localizado na Rua Princesa Isabel, 164, Centro, em João Pessoa, e tem como objetivo primordial qualificar o atendimento à população LGBT, além de elaborar estratégias de ações intersetoriais para enfrentamento a todas as formas de violência a pessoas deste grupo social.

Redação com Espaço LGBT

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