Mesmo sob forte protesto da oposição, o plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta quarta-feira (22) o Projeto de Lei (PL)
4.302/1998, de autoria do Executivo, que libera a terceirização para
todas as atividades das empresas. O projeto foi aprovado por 231 a
favor, 188 contra e 8 abstenções.
O projeto, que já havia sido aprovado pelo Senado, seguirá para sanção presidencial.
Desde
o início da sessão, a oposição obstruía os trabalhos. A obstrução só
foi retirada após acordo para que fosse feita a votação nominal do
projeto e simbólica dos destaques. O acordo foi costurado entre o líder
do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e parte da oposição.
Pelo
projeto, as empresas poderão terceirizar também a chamada atividade-fim,
aquela para a qual a empresa foi criada. A medida prevê que a
contratação terceirizada possa ocorrer sem restrições, inclusive na
administração pública.
Atualmente a legislação veda a
terceirização da atividade-fim e prevê a adoção da prática em serviços
que se enquadem como atividade-meio, ou seja, aquelas funções que não
estão diretamente ligadas ao objetivo principal da empresa.
Trabalho temporário
O
projeto que foi aprovado pelo plenário da Câmara também modifica o
tempo permitido para a contratação em regime temporário dos atuais três
meses para 180 dias, “consecutivos ou não, autorizada a prorrogação por
até 90 dias, consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das
condições que o ensejaram”, diz o projeto.
Decorrido esse prazo, o
trabalhador só poderá ser contratado novamente pela mesma empresa após
90 dias do término do contrato anterior. O texto estabelece a chamada
responsabilidade subsidiária da empresa contratante em relação aos
funcionários terceirizados.
A medida faz com que a empresa
contratante seja “subsidiariamente responsável pelas obrigações
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho temporário e
em relação ao recolhimento das contribuições previdenciárias”, diz o
texto.
Debate
A discussão do projeto foi
iniciada na manhã desta quarta-feira, a discussão da matéria foi
iniciada com resistência da oposição. O deputado Alessandro Molon
(Rede-RJ) criticou o projeto e disse que a iniciativa vai fazer com que a
maioria das empresas troque os contratos permanentes por temporários.
“Essa proposta tem por objetivo uma contratação mais barata,
precarizando e negando direitos. O próximo passo é obrigar os
trabalhadores a se transformarem em pessoas jurídicas, abrindo mão de
férias, licença-maternidade e outros direitos”, disse.
No início
da tarde, o relator Laercio Oliveira (SD-SE) apresentou o seu parecer e
rebateu as críticas. De acordo com o deputado, o projeto não retira
direitos. “Faço um desafio: apontem dentro do texto um item sequer que
retire direitos dos trabalhadores. Não existe”, disse.
O líder do
governo, Aguinaldo Ribeiro, defendeu o projeto com o argumento de que a
medida vai ajudar a aquecer a economia, gerando novos empregos. “O
Brasil mudou, mas ainda temos uma legislação arcaica. Queremos avançar
em uma relação que não tira emprego de ninguém, que não vai enfraquecer
sindicatos. Eles também vão se modernizar”, disse.
Projeto de 1998
Originalmente,
o projeto foi encaminhado à Câmara em 1998 pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e aprovado no Senado em 2002. Deputados contrários ao
projeto criticaram a votação da proposta 15 anos depois e chegaram a
defender a apreciação de outro texto, em tramitação no Senado, que trata
do tema.
“Já votamos essa matéria aqui e aprovamos uma
matéria que foi para o Senado e que é muito diferente desse projeto que
está na pauta aqui. Essa matéria não passou pelo debate dessa
legislatura e seguramente representa um duro ataque aos direitos dos
trabalhadores”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Fonte Correio
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