Não bastassem as recentes tentativas de suicídio envolvendo
estudantes da USP e toda a polêmica envolvendo a recém-lançada série "13
Reasons Why" (algo como 13 razões pelas quais), da Netflix, uma nova
brincadeira macabra tem sido registrada em vários Estados brasileiros.
Trata-se de um suposto jogo de incentivo ao suicídio, o "Blue Whale",
ou o desafio da Baleia Azul, que teve origem nas redes sociais da
Rússia.
Nele, os adolescentes são previamente selecionados para participar de
50 desafios, cumprindo tarefas que incluem escrever frases e fazer
desenhos com lâminas na palma da mão e nos braços, assistir a filmes de
terror de madrugada, subir no alto de um telhado ou edifício, escutar
músicas depressivas, mutilar partes do corpo. A última "missão" é a
morte.
Ao menos três Estados brasileiros (Mato Grosso, Minas Gerais e
Paraíba) estão investigando casos de suicídio e de mutilações
relacionadas ao jogo.
Em Vila Rica (MT), uma menina de 16 anos cometeu suicídio na terça
(11). Segundo a polícia, ela deixou duas cartas onde falava sobre as
regras e a cronologia das ações a serem cumpridas e também apresentava
alguns cortes nos braços e coxas.
À revista "Veja", a mãe da garota relatou que a filha havia mudado de
comportamento nos últimos dois meses e que encontrou um papel em que a
estudante havia escrito com a própria letra regras a serem cumpridas,
como "abrace os seus pais e diga a eles que os ama", "peça desculpas",
"tire a sua vida". O documento está com a polícia.
Em Pará de Minas (MG), a polícia investiga a morte de um jovem de 19
anos que, segundo a família, também estava participando do "Baleia
Azul". À polícia, a mãe do jovem relatou que ele vinha tentando deixar o
grupo, mas sofria uma pressão muito grande e nos últimos dias agia de
forma estranha.
Afirmou ainda que ele já tinha cumprido alguns desafios, como tirar
uma fotografia assistindo a um filme de terror, filmar a ele mesmo no
alto de um edifício e chegou a se cortar tentando desenhar uma baleia no
braço com uma lâmina de barbear quebrada, desafio que não terminou.
A Polícia Civil mineira, que investiga o caso, diz que o grupo que
Gabriel participava está sendo investigado e foram encontrados
participantes com idades entre 10 e 20 anos de todos os Estados
brasileiros.
Na Paraíba, o setor de inteligência da Polícia Militar abriu na
terça-feira (11) uma investigação para apurar a participação de
estudantes de João Pessoa no "desafio da Baleia Azul". As denúncias são
de que alunos de uma escola da capital estariam participando do grupo e
já teriam realizado "tarefas" de automutilação.
Essa é uma situação muito séria. E é preciso um especial cuidado na
forma como essas notícias estão sendo divulgadas. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), quando o assunto é veiculado ao público
de modo adequado, pode ocorrer o efeito de prevenção de mortes e
discussão saudável.
Por outro lado, quando feito de modo descuidado, o resultado pode ser
exatamente o oposto. Um manual da OMS orienta, por exemplo, que devem
ser evitadas descrições do método usado para provocar a morte.
O número de suicídios entre jovens tem aumentado em todo o mundo e,
na maioria dos casos, há algum transtorno mental associado, em geral, a
depressão.
Por isso, pais, muita atenção com seus filhos adolescentes,
especialmente quando apresentarem mudanças bruscas de comportamento. Nos
dois casos relatados acima, no Mato Grosso e em Minas, os jovens deram
sinais de havia algo errado. Infelizmente, não houve tempo hábil para
nenhuma intervenção.
O "desafio da baleia azul" é também um caso de polícia. Instigar uma
pessoa ao suicídio é crime, passível de pena de dois a seis anos de
prisão. Se souber de grupos incentivando o jogo, denuncie.
E, por fim, não custa lembrar que o CVV (Centro de Valorização da
Vida) presta um serviço incrível por meio do telefone 141. Também é
possível entrar em contato e receber apoio emocional via internet, a
partir de email, chat e Skype 24 horas por dia. (Com informações da
Folha)
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