Enquanto em algumas cidades, os universitários estão sendo obrigados a
pagar o transporte escolar, que deveria ser gratuito, em outras, os
alunos simplesmente estão em casa, com os cursos trancados, por falta de
transporte.
A realidade mostra que o tempo passa, mudam os gestores e os problemas enfrentados pelos universitários paraibanos, continuam.
Juristas ouvidos pela reportagem afirmam que a cobrança de taxa extra
configura crime, já que o transporte é contratado pelo município e pago
com o dinheiro público. O advogado Arthur Navarro disse que os
estudantes devem denunciar ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas
do Estado (TCE).
" Vários colegas nossos precisam fazer um esforço para, além de arcar
com os custos dos estudos, que não são baixos, mesmo em universidade
pública, pagar também para poder vir à aula", Hugo Gomes, estudante de
Serviço Social da UFPB.
Cobrança de taxa é proibida
A cobrança de taxas dos estudantes universitários que moram no interior,
para ter acesso ao transporte escolar, vendo sendo denunciada há cerca
de um mês e está acontecendo em várias cidades. A taxa seria uma forma
de completar o costeio do transporte, contratado pelas prefeituras.
No início deste mês, o Correio trouxe a denúncia de um grupo de 300
alunos, da cidade de Pedras de Fogo, a 42 quilômetros de João Pessoa,
que tinham transporte gratuito até o ano passado, mas foram
surpreendidos com o anúncio da prefeitura, de que será cobrada uma taxa
de R$ 80 de cada um, alegando falta de condições para manter o serviço.
Joanes Leonel de Souza, estudante do 8º período de Direito, disse que
seis ônibus, cada um com 50 alunos, saem diariamente da cidade para a
Capital. “São alunos que estudam com bolsas como Fies e Prouni. Que
recorreram à bolsa justamente porque não têm condições financeiras de
pagar os estudos, muito menos o transporte”, reclamou.
Segundo o advogado Arthur Navarro, a cobrança de tarifa para o
transporte universitário configura crime porque, mesmo o ônibus sendo
particular, está contratado pela prefeitura e é pago com o erário
público. “Quando há esse contrato de prestação de serviço, assinado pelo
Governo municipal, a cobrança de taxa extra é vedada pela legislação”,
disse. Se o ônibus utilizado for o amarelinho, doado pelo Governo
Federal, a infração é ainda mais grave, segundo o advogado. Trata-se de
uma cobrança extra, feita por um serviço que é totalmente custeado pelo
dinheiro público, inclusive o salário do condutor.
A reportagem procurou a Secretaria de Educação de Guarabira, a
Prefeitura de Pedras de Fogo e o prefeito Murilo Nunes, de Araçagi, mas
não conseguiu contato até o fechamento desta edição.
Horários irregulares. Entre os alunos que moram na cidade de Mamanguape,
uma das queixas é a irregularidade na frequência do ônibus, por conta
de falta ou atraso no abastecimento e por ter apenas um ônibus para
levar todos os universitários, que não estudam na mesma unidade, o que
demanda um tempo maior para o desembarque de todos. “É comum perdermos a
primeira aula, porque acaba demorando até deixar todo mundo. Havia uma
promessa de aumentar a quantidade de ônibus, mas até agora nada mudou”,
disse o estudante Akellison Araújo.
Além de ser apenas um ônibus, os alunos são surpreendidos com frequencia
pelo atraso no abastecimento do veículo. Há cerca de 20 dias, Akellison
e os colegas de Mamanguape ficaram sem aula.
Problema semelhante afeta os alunos da cidade de Sapé, onde também só há
um ônibus para atender os universitários. “Lá, se o ônibus quebrar, não
tem um plano B para nos trazer. Já houve situações de perdermos aula,
por conta de problemas mecânicos no ônibus”, lembrou a aluna de
Filosofia, Mayara Maria de Santana.
Insegurança. Os ônibus também não possuem equipamentos básicos de
segurança, como o cinto nas poltronas. Os relatos se repetem entre
estudantes de Mamanguape, Itapororoca, Sapé, Bayeux e Cabedelo. “Se
acontecer algo, estamos todos sem cinto dentro do ônibus”, reclamou Josy
Mary Silva, aluna da UFPB.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, embora exista o risco, a
legislação não obriga o uso de cinto de segurança em ônibus que fazem
viagens com percurso inferior a 70 km.
Fonte Correio
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