Em carta divulgada na segunda-feira (17), o ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha rebatou as afirmações do presidente Michel Temer sobre um
encontro com ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio
Faria da Silva, e sobre o impeachment da então presidente Dilma
Rousseff. Segundo Cunha, o parecer do processo de impeachment foi
submetido, antes de sua abertura, ao presidente Michel Temer. Cunha está
preso no Complexo Médico Penal em Curitiba.
"O verdadeiro diálogo
ocorrido sobre o impeachment com o então vice-presidente, às 14h da
segunda-feira 30 de novembro de 2015, na varanda do Palácio do Jaburu,
48 horas antes da aceitação da abertura do processo de impeachment, foi
submeter a ele o parecer preparado por advogados de confiança mútua, foi
debatido e considerado por ele correto do ponto de vista jurídico", diz
Cunha na carta.
O deputado cassado prossegue: "Com relação a reunião com o Executivo
da Odebrecht, o presidente se equivocou nos detalhes. A referida reunião
não foi por mim marcada, embora tivesse tido várias outras reuniões
sobre doações marcadas por mim. Nesse caso, o fato é que estava em São
Paulo, juntamente com Henrique Alves e almoçamos os três juntos no
restaurante Senzala, ao lado do escritório político dele após outra
reunião e fomos convidados eu e o Henrique a participar dessa reunião já
agendada diretamente com ele."
Em entrevista ao SBT na noite desta segunda-feira, Temer disse ainda não temer uma eventual delação de Eduardo Cunha.
“Eu
não sei o que ele pretende fazer. Agora o que eu quero dizer é o
seguinte: não estou preocupado com o que ele venha a fazer, não é isso
absolutamente. Eu espero que ele seja muito feliz, espero que ele se
justifique em relação a todos os eventuais problemas que tenha tido,
acho que ele foi um deputado, devo dizer, um deputado muito atuante,
muito eficiente no exercício da legislatura, mas não sei o que ele vai
fazer. Também não tenho que me incomodar com isso”, declarou Temer.
Veja a íntegra da carta foi publicada pelos jornais “O Estado de S.Paulo” e “Folha de S.Paulo”:
Com
relação a entrevista do sr. Presidente da República à Rede Bandeirantes
no último sábado, dia 15 de abril, repetida no domingo, tenho a
esclarecer o que se segue:
Lamento que nesta data, onde se
completa um ano da votação da abertura do processo de impeachment na
Câmara dos Deputados, comandada por mim, tenha de vir a público
desmentir o presidente que assumiu o cargo em decorrência desse
processo.
Não existiu o diálogo descrito pelo presidente
com relação aos fatos sobre o impeachment e o meu livro detalhará todos
os fatos reais sobre o impeachment em ordem cronológica com farta
comprovação.
O verdadeiro diálogo ocorrido sobre o
impeachment com o então vice-presidente, às 14h da segunda-feira 30 de
novembro de 2015, na varanda do Palácio do Jaburu, 48 horas antes da
aceitação da abertura do processo de impeachment, foi submeter a ele o
parecer preparado por advogados de confiança mútua, foi debatido e
considerado por ele correto do ponto de vista jurídico.
Com
relação a reunião com o Executivo da Odebrecht, o presidente se
equivocou nos detalhes. A referida reunião não foi por mim marcada,
embora tivesse tido várias outras reuniões sobre doações marcadas por
mim. Nesse caso, o fato é que estava em São Paulo, juntamente com
Henrique Alves e almoçamos os três juntos no restaurante Senzala, ao
lado do escritório político dele após outra reunião e fomos convidados
eu e o Henrique a participar dessa reunião já agendada diretamente com
ele.
Efetivamente na referida reunião não se tratou de
valores nem referência a qualquer contrato daquela empresa. A conversa
girou sobre a possibilidade de possível doação e não corresponde a
verdade o depoimento do executivo.
Entrevista
Na
entrevista à Rede Bandeirantes, Temer foi questionado do papel de Cunha
no impeachment e respondeu retratando um episódio em que ambos teriam
conversado a respeito do encaminhamento do processo na Câmara. “Vou
contar um episódio que foi o seguinte: uma ocasião ele foi me procurar,
isso era umas duas horas da tarde mais ou menos, dizendo: 'olhe, hoje eu
vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente, porque – e
eram 10 ou 12 pedidos, não é – porque prometeram-me, ele estava lá no
Conselho de Ética, prometeram-me os três votos do PT no Conselho de
Ética'. Eu disse: 'ah que bom, muito bom, assim acaba com essa história
de você estar na oposição etc.', disse Temer.
Jornal do Brasil
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